Postado por assecmg on 22 ago 2022 /
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Alzheimer ou confusão mental?
O Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear – CDTN, tendo como origem o Instituto de Pesquisas Radioativas – IPR, primeiro instituto nuclear do país, registra agora uma longa jornada histórica de 70 anos. Nessa caminhada, os seus servidores sempre mantiveram acesa a chama da ciência, do desenvolvimento tecnológico e da formação na área nuclear, desde os primórdios da sua criação. Mesmo durante as várias alternâncias de instituições mantenedoras, o Centro soube se adaptar aos desafios, mas sempre sem perder o norte da sua criação como centro nuclear. Várias aplicações da tecnologia nuclear foram pesquisadas e aperfeiçoadas e até hoje continuam trazendo seus benefícios para a sociedade. Outras atividades correlatas, nos dias de hoje, são, com certeza, fruto desses trabalhos e da formação contínua dos novos servidores agregados ao quadro de pessoal da Instituição. A seguir, listamos alguns marcos históricos e trabalhos que traduzem a história do CDTN:
1 – Aquisição e instalação do reator Triga IPR-R1, um dos mais altos investimentos em ciência e tecnologia no estado de Minas Gerais, com produção, desde 1960, de fontes radioativas para a indústria, como a Petrobrás, análise de mais de 400.000 amostras de minérios de urânio no mapeamento da reserva uranífera do Brasil e treinamento de operadores de reatores das usinas nucleares de Angra 1 e 2;
2 – Projeto e montagem de um reator nuclear subcrítico tendo como combustível Tório/Urânio;
3 – Construção de laboratórios para recolhimento, segregação, tratamento de rejeitos e desmonte de fontes radioativas fora de uso, tornando o Centro hoje referência nacional nessa área;
4 – Formação de um Complexo laboratorial na área de caracterização de materiais para ensaios destrutivos e não destrutivos;
5 – Construção de um laboratório de irradiação gama, prestação de atividades essenciais à sociedade, como a irradiação de hemoderivados, de luvas, cateter, suturas, agulhas de uso médico e esterilização da haste (Swab) para teste rápido da covid 19;
6 – Construção de uma instalação de pesquisa e produção de radiofármacos, com produção de FDG18 e pesquisa de novos radiofármacos, como o Fluorestradiol-18F (18FES), específico para diagnóstico de câncer de mama, já em fase de produção após registro na Anvisa.
7 – Formação de uma equipe técnica altamente capacitada no desenvolvimento de técnicas nucleares e convencionais para mitigação de impactos ambientais e estudo de lençóis freáticos;
8 – Criação de um curso de pós-graduação, em níveis de mestrado e doutorado, um excelente instrumento de difusão do conhecimento da área nuclear;
9 – Em 1975, o CDTN foi escolhido para a complexa missão de absorver, adequar e repassar a tecnologia alemã para a indústria brasileira, no acordo nuclear firmado entre o Brasil e a Alemanha.
Todos esses marcos e trabalhos, nesse período, foram possíveis de serem concretizados porque várias mentes e mãos sadias, cheias de competência e vontade se uniram trabalhando para o bem comum, visando manter a Instituição em constante produção de conhecimento e proporcionando o progresso do país. Entretanto, essas mãos que trabalharam e ainda se mantém ativas vem sendo tratadas com certo descaso.
À luz desse resumo histórico, perguntamos: será que nosso CDTN está sofrendo do Mal de Alzheimer, uma enfermidade que faz com que o cérebro vá perdendo a memória do que já foi construído? Conforme o avanço da doença, o cérebro parece não mais se lembrar nem de que suas mãos existem e elas acabam se atrofiando.
A Assec-MG vem percebendo que um possível Alzheimer institucional está em curso, pois a instituição se esqueceu das mãos que construíram os 70 anos do hoje ancião CDTN. Ou talvez seja uma confusão mental, enfermidade reversível com tratamento, onde o cérebro ainda consegue controlar as mãos, mas somente o passado é lembrado. As atividades e resoluções do presente não são armazenadas na memória e não se consegue projetar o futuro. Fazemos essa analogia, pois questões relacionadas aos interesses e bem estar dos servidores vem sendo deixadas em segundo plano pelos seus diretores. Muitas simplesmente não são respondidas! Soma-se a isso a dificuldade em se obter informações importantes para o direcionamento da atuação da associação, representante legítima de seus associados.
A ASSEC-MG sempre se pautou pelo respeito aos seus associados e às direções superiores da Instituição. Vale lembrar que o último aumento salarial relevante da área de ciência e tecnologia no Brasil foi pleiteado pela ASSEC-MG, com interveniência do então vice-presidente da república, José Alencar Gomes da Silva. Espera-se que a interação entre a Associação e o CDTN/CNEN se torne novamente sadia e cordial em um breve futuro e que as questões apresentadas aos dirigentes sejam tratadas com a devida atenção que merecem.
Um futuro promissor, se existir, mesmo com instalações e equipamentos modernos, não poderá ser atingido com mãos cansadas e desestimuladas! A força de trabalho é fundamental no desenvolvimento da ciência e tecnologia!
Que o futuro do aniversariante seja de muito sucesso e um orgulho para os visionários que o fundaram e para as mãos que ajudaram a construir essa história!
Diretoria da Assec-MG
Belo Horizonte 22/08/2022
2 Comments
Tenho parente com alzhaimer e a comparação da doença com o esquecimento do CDTN foi extremamente insensível. Segundo a lei, é dever do servidor tratar com urbanidade as pessoas. Segundo o dicionário Aurélio: urbanidade “é a qualidade de urbano, civilidade, cortesia, afabilidade”.
Lamentamos que a comparação o tenha ofendido. Não foi este o propósito da matéria. Pedimos desculpas!